Quando pensamos em Chicago, lembramos rapidamente de Muddy Waters, Howlin´ Wolf, Little Walter e muitos outros. Mas poucos se lembram de William Lee Conley Broonzy, ou simplesmente, Big Bill Broonzy, nascido na cidade de Scott, Mississipi em 1893. Além de guitarrista habilidoso e excelente cantor, era um compositor feroz. A sua criatividade era tão fértil quanto os campos de algodão onde seus pais haviam sido escravos. Broonzy já na década de 1920 mudou-se para Chicago onde teve inúmeros empregos e foi pupilo de Papa Charlie Jackson. Na década de 30 passou a gravar com freqüência e ficou com o posto de nº 1 da cidade (que até aquele momento era do grande Tampa Red), absoluto, até o surgimento de Muddy Waters & Cia. Percebeu logo cedo que os mais jovens preferiam a guitarra elétrica e a alternava com o violão. Tocava para todo tipo de público, independente de raça ou classe social. Mesmo assim foi um purista, tinha um estilo elegante de tocar e se apresentar. Quando um dia foi acusado de não se preocupar com sua origem e os ensinamentos de Deus, ao tocar para um público de classe média branca, Big Bill soltou a seguinte frase:“Os homens vão a igreja para limpar sua sujeira e as mulheres, para mostrar seus vestidos”. Pode ter ofendido muita gente, mas ele estava numa posição privilegiada, sendo que por volta de 1952 já havia gravado 260 músicas ! Contabilizou-se certa vez 350 composições próprias e 260 interpretações até o fim de sua carreira. Teve o privilegio de tocar com músicos do calibre de Sonny Boy, Sleepy John Estes, Memphis Slim, Washboard Sam, J.B. Lenoir e até Blind Lemon Jefferson. Foi nos anos 50, destaque em cidades da Europa como Milão e Paris, abrindo portas para outros músicos do estilo se apresentarem por lá, como por exemplo Memphis Slim. Tornou-se referência aos músicos jovens somente nos anos 60 com o resgate do Blues tradicional. Broonzy, infelizmente não presenciou e desfrutou mais um pouco do seu merecido valor. Faleceu em 1958, depois de algumas cirurgias na garganta afetada por um câncer. Deixou um legado de composições e registros como poucos músicos no mundo deixaram. O Grande Bill será inevitavelmente comentado por aqui muitas vezes, pois importância para o Blues ele tem de sobra...
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