O Blues é normalmente uma música machista, cantada por homens egoístas, sedentos por liberdade, mulheres bonitas e bebida, certo ? Errado. Porque por trás dessa imagem forte, cínica e livre, está o homem comum que procura ser dono de si mas se vê encantado por uma mulher. Senão, como seriam criadas as canções que falam sobre a mulher não conquistada, perdida por brigas e diferenças ou levada por “outro cara diferente” ? Os homens também cantavam sobre o trabalho duro do campo e da conseqüente falta de dinheiro e sorte, além das catástrofes naturais e seus demônios interiores, sempre descritos na forma do diabo ou fantasmas que habitavam sua frágil mente. Todos esses temas foram abordados pelas mulheres que seguiram o caminho do Blues tão bem quanto os homens. Fica evidente que devido a origem desses artistas os problemas não diferenciavam homens de mulheres, eles simplesmente existiam e afetavam ambos. As mulheres souberam expressar muito bem seus medos, decepções e restrições impostas ao sexo feminino. Elas também pegaram pesado ao cantar sobre a raiva, vingança, bebida, sexo, dor, doenças, morte, traição, etc. No entanto ao abordar temas com conotações sexuais e humilhações ao sexo oposto, fizeram de forma maravilhosa o uso do duplo sentido, superando até os homens, levando em conta que temas desse tipo apresentavam-se mais agressivos e irônicos sendo narrados pela voz feminina. Em relação ao desespero da perda do seu amor, a mulher torna ainda mais dramática a situação narrando com perfeição situações como a cama vazia, a violência a que foi submetida ou o simples abandono sem prévio aviso. As personagens mais importantes que souberam transmitir com perfeição todos esses temas e muito mais, serão temas das próximas partes.
Foto: Mamie Smith, que gravou o primeiro Blues da história em 1920. (foto do site: www.redhotjazz.com)
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